Trombose venosa

Esta situação, que afecta milhões de pessoas em todo o mundo, é responsável por significativa mortalidade (>10% em meio hospitalar) e morbilidade. Ocorre mais frequentemente nas veias da perna e nomeadamente à esquerda. A maioria dos doentes não apresenta sintomas, mas quando estes estão presentes os mais frequentes são a dor, edema, sensação de peso, alteração da coloração e da temperatura do membro, incapacidade funcional parcial, que se instalam habitualmente de forma súbita.

Este quadro clínico pode progredir no sentido ascendente e tem como principais complicações na fase aguda a embolia pulmonar e a gangrena venosa, que pode levar à amputação do membro e a elevada mortalidade. Na fase tardia, a complicação mais frequente é o síndrome pós-trombótico que causa enorme repercussão social e laboral, e que se pode caracterizar por dermatite pigmentada principalmente na perna, lipodermosclerose, edema de predomínio vespertino, varizes dos membros inferiores e úlcera activa ou cicatrizada.

O exame diagnóstico de confirmação e localização mais frequentemente utilizado, por ter elevada sensibilidade, especificidade e não ser invasivo é o ecodoppler ou angiodinografia venosa. Por vezes pode ser necessário realizar flebografia que apesar de mais específico, é um exame invasivo com administração de contraste.

Alguns factores de risco importantes são: idade avançada, gravidez, uso de contraceptivos orais, obesidade, varizes dos membros inferiores, neoplasia, traumatismo e estados de hipercoagulabilidade. Quando em presença destes últimos poderá ser necessário efectuar estudo genético, e se positivo, estudar também irmãos e filhos para prevenção.

tratamento na fase inicial pode exigir repouso com drenagem postural do membro doente ou deambulação com meia elástica apropriada, hipocoagulação com heparina de baixo peso molecular ou não fraccionada, ou eventualmente fibrinólise, sendo rara a necessidade de cirurgia nesta fase aguda. Actualmente é possível tratar a grande maioria dos doentes em ambulatório, só sendo necessário internamento em situações muito específicas. A manutenção da hipocoagulação oral (mais frequentemente varfarina e durante pelo menos 6 meses) sob controlo laboratorial de INR é actualmente a prática corrente que pode ser alterada com a introdução progressiva dos novos fármacos antitrombóticos orais. Esta patologia exige vigilância médica especializada regular e controlo ecográfico periódico de acordo com o quadro clínico.