Tendinites

Existe muitas vezes a ideia de que as tendinites não têm cura, e que depois de aparecerem ficam presentes para sempre. Esta ideia não corresponde à realidade, saiba mais sobre este tema!

Tendinite, o que é?
A tendinite corresponde a um processo inflamatório de um tendão, podendo afectar vários tendões no nosso corpo. Numa fase inicial, a tendinite afecta essencialmente a parte mais externa do tendão, ou sua bainha, podendo também designar-se por tenossinovite. Existem locais mais frequentes onde estas ocorrem como é o caso do ombro (tendinite do supra-espinhoso, bícipete, subescapular), cotovelo (epicondilite e epitroclite), punho e dedos (tenossinovite Quervain), joelho (tendinite da pata de ganso, tendinite do tendão rotuliano), pé (tendinite do tendão de Aquiles), entre outras.

E o que é exactamente um tendão?
O tendão é uma estrutura que se assemelha a um cordão, constituído por muitas fibras de colagéneo alinhadas, que servem para unir o músculo ao osso. Quando os músculos se contraem transmitem tensão aos tendões e estes por sua vez aos ossos e articulações, permitindo que estes se movimentem. Assim, existem inúmeros tendões do nosso corpo de forma a possibilitar a grande quantidade de movimentos que realizamos.

O sintoma mais frequente da tendinite é a dor, a qual por vezes se manifesta em repouso e na maioria das vezes aparece associada a certos movimentos. Esta dor pode ainda irradiar para outros locais mais à distância do local de origem, sendo uma situação que origina muito desconforto e limitação nas actividades diárias. Como é uma situação inflamatória,a tendinite pode também estar associada a sinais como o calor local, vermelhidão e inchaço, quando em fase aguda.

Qual a causa?
Existem muitas causas possíveis para o aparecimento de uma tendinite. As causas mais comuns são os movimentos repetidos no trabalho ou em actividades desportivas, traumatismos, alterações da postura, alterações da estabilidade articular, neuropatias que conduzem a alterações musculares, entre outros.
Nestas situações o tendão é sujeito a uma sobrecarga excessiva ou repetida, levando a lesão da sua estrutura. O corpo tenta então tratar a “agressão” causada ao tendão e desencadeia-se uma resposta inflamatória para tentar recuperar o “estrago”. A inflamação é portanto um sinal de que o nosso sistema imunitário está a lutar para recuperar a lesão.

Porque é que a dor persiste?
De acordo com o que foi referido acima, o processo inflamatório corresponde a uma resposta do organismo para tentar reparar a lesão no tendão. Podemos dizer que é uma resposta normal quando há uma lesão, e necessária para que ocorra a reparação. Se tudo decorrese sempre da melhor forma, o processo inflamatório agudo demoraria apenas alguns dias a resolucionar a situação e a recuperar o estado normal do tendão. Contudo, o que se verifica muitas vezes é que devido aos movimentos/traumatismos repetidos, devido às más posturais /desalinhamentos corporais que geram sobrecargas constantes nos tendões, ou até a fragilidades do sistema imunitário, o tendão é permanentemente sujeito a novas “agressões” sem que tenha tempo de recuperar. Verifica-se então nestes casos que se desencadeia um processo inflamatório mais prolongado, em que vai ocorrendo alteração progressiva da estrutura e organização das fibras que compõe o tendão. Nestas situações, o termo correcto a utilizar não deve ser tendinite, mas sim tendinose, que é caracterizada por alterações celulares, zonas mais densas dentro do tendão e fragilidade do mesmo.

Qual a resolução?
Quando estamos perante um processo inflamatório agudo, o que devemos fazer é facilitar que o nosso organismo faça o seu trabalho de reparação e actuar no sentido de controlar a resposta inflamatória para que esta não seja demasiadamente exacerbada. Nesta fase pode ser útil a aplicação de gelo local, repouso moderado, eventualmente toma de anti-flamatórios sob aconselhamento médico. Contudo, se existirem factores que contribuem para que a situação se mantenha, temos então que actuar para que este quadro não se prolongue indefinidamente.
Aqui a fisioterapia pode ser uma ajuda importante!

De que forma a fisoterapia pode ajudar?
Além dos meios físicos que podem ajudar a controlar/melhorar a resposta inflamatória ( gelo, electoterapia, ultra-som, LASER), o papel principal da fisioterapia passa por tentar alterar os factores que desencadearam a tendinite/tendinose. É necessário avaliar os hábitos posturais e gestos realizados no dia-a-dia, perceber quais as alterações posturais que podem levar à sobrecarga de alguns tendões, perceber se existem disfunções da coluna a vertebral que podem facilitar as tendinites ( devido às alterações de inervação e vascularização) e compreender se existem outras patologias associadas. Neste sentido a fisisoterapia dispõe de diferentes técnicas de terapia manual, reeducação postural e educação do movimento que favorecem um melhor funcionamento articular, normalização das tensões, diminuição da dor, melhoria da vascularização e economia de esforço no funcionamento do nosso organismo.

É verdade que existem alguns casos mais complicados ou “rebeldes”, casos em que por exemplo devido à profissão é complicado alterar certos gestos, ou em que já existem fragilidades mais marcadas no tendão devido à lesão ser muito antiga. Contudo, NA GRANDE MAIORIA DOS CASOS É POSSÍVEL ENCONTRAR ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A FUNÇÃO, É POSSÍVEL DAR MELHORES CONDIÇÕES AO NOSSO CORPO PARA LIDAR COM ESTES MICRO-TRAUMATISMO REPETIDOS E É POSSÍVEL ALIVIAR A DOR DE FORMA A MELHORAR O BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA.