Pé diabético

Dá-se esta designação aos diversos problemas do pé que ocorrem como complicação da diabetes. Eles ocorrem frequentemente, com uma prevalência de 23-42% para a neuropatia, 9-23% – para a doença vascular e 5-7% – para a ulceração do pé.

Considerando que a Diabetes em 2011 atingia 12,7% da população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos, número que corresponde a mais de um milhão de pessoas, é fácil perceber a extensão e impacto dos problemas associados ao pé diabético.

Em Portugal, cerca de 56% dos indivíduos tinham o diagnóstico de Diabetes já feito e em 44% essa doença ainda não tinha sido diagnosticada.

O pé diabético associa-se a importantes consequências médicas, sociais e económicas para os doentes, para a sua família e para sociedade.

A ulceração do pé diabético está associada à doença vascular periférica e neuropatia periférica, frequentemente em combinação. No entanto, os indivíduos com um risco elevado de ulceração podem ser facilmente identificados através de um exame clínico cuidadoso dos seus pés, estando a educação e o acompanhamento periódicos indicados nestes casos.

Quando a úlcera do pé é complicada por uma infecção, a combinação pode ser ameaçadora para o membro e até para a vida.

Os doentes com diabetes desenvolvem diversos problemas do pé que, se não forem tratados, podem causar complicações graves.

De um modo geral, o pé diabético ocorre em áreas onde existe lesão dos nervos, a chamada neuropatia, que reduz a sensibilidade do pé. As alterações da circulação e as alterações na forma do pé ou das unhas são outras causas de pé diabético.

Na neuropatia, a sensibilidade do pé a pequenos traumas fica muito reduzida, o que permite que a pele fique danificada e possa ocorre infecção.

 

Como se manifesta o pé diabético?

A diabetes pode causar alterações na cor da pele. Os pés podem ficar muitos secos e a pele estalar, como resultado das lesões dos nervos que são essenciais para o controlo da oleosidade e humidade da pele.

Por este motivo, é importante, após o banho, secar bem os pés e usar um creme hidratante. Convém não colocar creme ou óleo entre os dedos dos pés porque o excesso de humidade pode facilitar a infecção.

O pé diabético apresenta maior tendência para a formação de calos em zonas de maior pressão, sobretudo na planta do pé. Se não forem convenientemente tratados, os calos podem ulcerar e infectar.

A melhor abordagem para estes calos é a utilização de uma pedra pomes, com a pele molhada, que permite um bom controlo das calosidades. Os calos nunca devem ser cortados nem devem ser utilizados agentes químicos. 

As úlceras do pé diabético ocorrem mais frequentemente na planta do pé ou no primeiro dedo. Quando ocorrem nas partes laterais do pé, resultam de uma má adaptação do calçado.

Embora estas úlceras não causem dor, devem ser prontamente tratadas de modo a evitar a infecção. Uma úlcera mal tratada pode causar a perda de uma perna.

Em função do tipo de úlcera, poderá ser necessária uma limpeza mais ou menos profunda e o uso de antibióticos. O uso de calçado adequado é essencial na prevenção das úlceras e, quando elas estão presentes, impede o seu agravamento e progressão. 

Em alguns casos, poderá ser necessária a avaliação por um cirurgião vascular.

Um bom controlo da diabetes é essencial nestes casos, porque a presença de níveis de açúcar elevados no sangue dificulta o controlo da infecção.

 

Quais as causas do pé diabético?

O pé diabético é uma complicação da diabetes, que tende a perturbar o sistema vascular em áreas do corpo como os olhos, rins, membros e pés. Na diabetes, os vasos sanguíneos ficam estreitados e endurecidos.

Na presença de má circulação, torna-se mais difícil o combate às infecções e todo o processo de cicatrização fica comprometido. A pele fica mais seca e os pés podem inchar.

O tabaco agrava esta perturbação vascular da diabetes bem como a hipertensão arterial ou o excesso de colesterol.

Quando os pés apresentam má circulação ficam mais frios e os pacientes têm tendência em aquecê-los com botijas de água quente ou outros dispositivos. Como a sensibilidade está reduzida, o risco de uma queimadura é elevado pelo que a melhor solução mais segura será recorrer a um par de meias quentes.

Outro dos efeitos da má circulação é a ocorrência de dor quando se caminha depressa, sobre uma superfície dura ou numa subida. O repouso permite aliviar essa dor. O exercício ajuda a combater a má circulação ao estimular o fluxo sanguíneo nas pernas e nos pés.

Para lá da má circulação, o pé diabético resulta da chamada neuropatia, que corresponde a uma perturbação do funcionamento das estruturas nervosas e que provoca uma redução da sensibilidade à dor, ao frio e ao calor. Na presença de neuropatia, um pequeno corte, um calo, uma bolha poderão progredir sem serem detectados, originando infecção, ulceração e, em casos extremos, obrigando a uma amputação. Uma forma de reduzir as consequências da neuropatia diabética é a inspecção diária dos pés feita pelo próprio de modo a serem prontamente identificadas e tratadas quaisquer lesões que possam existir. Poder-se-á recorrer a um espelho quando paciente tiver dificuldade em se dobrar.

 

Como se trata o pé diabético?

Como já referido, cuidar bem dos pés é essencial. A sua observação diária é um passo simples mas essencial. Manter os pés secos, sobretudo entre os dedos, as unhas bem cortadas, usar calçado adequado, não andar descalço para evitar pequenas feridas, todos estes aspectos devem ser tomados em consideração.

Para melhorar a circulação, os pés devem ser mantidos numa posição elevada quando o paciente está sentado. É também útil mexer os dedos várias vezes por dia e, se possível, colocar-se em bicos dos pés de modo regular de modo a melhorar a circulação nas pernas e nos pés. Não se devem manter as pernas cruzadas durante muito tempo e não se devem usar meias muito apertadas.

O controlo da diabetes, hipertensão arterial e colesterol é igualmente muito importante.

Como referido, o tabaco compromete a circulação e o risco de amputação é maior em diabéticos fumadores. Como tal, não fumar é obrigatório.

A actividade física é um excelente aliado contra a diabetes e contra o pé diabético. Caminhar, dançar, nadar, andar de bicicleta são excelentes exercícios que estimulam a circulação, ajudam a controlar a tensão arterial, o colesterol e os níveis de açúcar. É importante adequar o tipo de exercício às limitações de cada um e, nesse sentido, é essencial ouvir e seguir as recomendações médicas sobre esta matéria.