Lesões causadas pelo desporto
Em alguns países, as lesões causadas pelo desporto são muito frequentes. Os princípios da medicina desportiva podem aplicar-se ao tratamento de muitas lesões musculoesqueléticas, que podem ser semelhantes a uma lesão durante uma actividade desportiva, mas devidas a uma causa diferente. Por exemplo, o cotovelo do tenista pode ser devido à acção de carregar uma mala, de atarraxar ou de abrir uma porta emperrada, e um joelho de corredor pode dever-se à acção de rodar excessivamente o pé para dentro ao andar (pronação).
Causas
Uma lesão causada pelo desporto deve-se a métodos de treino incorrectos, anomalias estruturais que forçam certas partes do corpo mais do que outras e fraqueza dos músculos, tendões e ligamentos. O desgaste crónico é a causa de muitas destas lesões, que são resultado de movimentos repentinos que afectam tecidos susceptíveis.
Métodos de treino incorrectos
A maior parte das lesões musculares e articulares devem-se a métodos de treino incorrectos. A pessoa não permite uma recuperação adequada ao fim de um período de treino, ou então não interrompe o exercício quando aparece a dor.
Sempre que se forçam os músculos num treino intensivo, algumas fibras musculares lesionam-se e outras consomem a energia disponível que foi armazenada sob a forma de glicogénio. Exigem-se mais de dois dias para que as fibras sarem e para substituir o glicogénio. Como só as fibras não lesionadas e adequadamente alimentadas funcionam de modo apropriado, os períodos de treino intensivo muito seguidos exigem, enfim, um trabalho comparável por parte de uma menor quantidade de fibras sãs, aumentando a probabilidade de lesões. Por conseguinte, podem prevenir-se as lesões crónicas deixando um intervalo de pelo menos 2 dias entre os períodos de treino intensivo, ou alternando os que forçam diferentes partes do corpo. Muitos programas de treino alternam um dia de treino intensivo com um de repouso (Ver secção 5, capítulo 58) (como fazem muitos levantadores de pesos) ou com um dia de treino ligeiro. No caso de um corredor, este pode correr a um ritmo de 5 minutos/1,5 km um dia e a um ritmo de 6 a 8 minutos/1,5 km no dia seguinte. Se um atleta treinar duas vezes por dia, cada exercício intenso deve ser seguido de pelo menos de 3 exercícios menos enérgicos. Só os nadadores podem praticar todos os dias ambos os treinos, o enérgico e o ligeiro, sem se lesionar. A força de ascensão da água ajuda-os a proteger os seus músculos e articulações.
A dor que precede muitas lesões por desgaste apresenta-se pela primeira vez quando um número limitado de fibras do músculo ou do tendão começam a rasgar-se. Interromper o exercício ao primeiro sinal de dor limita a lesão a essas fibras, dando como resultado uma recuperação mais rápida. Continuar a fazer exercício enquanto se sente dor provoca a laceração de uma maior quantidade de fibras, estendendo a lesão e atrasando a recuperação.
Anomalias estruturais
As anomalias estruturais podem fazer com que uma pessoa seja propensa a uma lesão desportiva pelo esforço desigual de várias partes do corpo. Por exemplo, quando as pernas são desiguais em comprimento, exerce-se uma força maior sobre a anca e o joelho da perna mais comprida. Habitualmente, correr pelos lados de caminhos com desníveis tem o mesmo efeito; pisar repetidamente com um pé a superfície um pouco mais elevada aumenta o risco de dor ou lesão nesse lado do corpo. A pessoa que tem uma curva exagerada da coluna vertebral pode sentir dor de costas quando faz girar um taco de basebol. Em geral, a dor desaparece quando se interrompe a actividade, mas regressa sempre que se atinge a mesma intensidade de exercício.
O factor biomecânico que causa a maioria das lesões do pé, da perna e da anca é a pronação excessiva (uma rotação dos pés para dentro depois de entrar em contacto com o solo). Um certo grau de pronação é normal e evita as lesões, dado que ajuda a distribuir a força por todo o pé.
Contudo, a pronação excessiva pode causar dor no pé, no joelho e na perna. Em pessoas que têm uma pronação excessiva, os tornozelos são tão flexíveis que o arco dos pés toca o solo enquanto caminham ou correm, dando a aparência de pés chatos. Um corredor com pronação excessiva pode sofrer dores dos joelhos quando corre longas distâncias.
O problema contrário, a fraca pronação, pode ocorrer nas pessoas que têm tornozelos rígidos. Nestas pessoas, o pé parece ter um arco muito elevado e não absorve bem o impacto, aumentando o risco de produzir pequenas fendas nos ossos dos pés e das pernas (fracturas por sobrecarga).
Debilidade de músculos, tendões e ligamentos
Os músculos, os tendões e os ligamentos rompem-se quando são submetidos a esforços superiores à sua força intrínseca. Por exemplo, podem lesionar-se se forem demasiado fracos ou rígidos para o exercício que se está a tentar praticar. As articulações são mais propensas às lesões quando os músculos e os ligamentos que as sustentam são fracos, como acontece depois de uma entorse. Os ossos enfraquecidos pela osteoporose podem fracturar-se facilmente.
Os exercícios de fortalecimento ajudam a prevenir as lesões. O exercício regular não aumenta nem reforça a musculatura de forma significativa. O único modo de fortalecer os músculos é exercitá-los contra uma maior resistência de forma progressiva, como praticar um desporto cada vez mais intenso, levantar pesos cada vez maiores, ou usar máquinas especiais de fortalecimento. Os exercícios de reabilitação para fortalecer os músculos e os tendões que já estão sãos fazem-se, geralmente, levantando ou pressionando contra elementos resistentes, em séries de 8 a 11 repetições, em dias alternados no máximo.
Diagnóstico
Para diagnosticar uma lesão desportiva ou outra lesão musculoesquelética, o médico indaga sobre o local e o modo como se deu a mesma e sobre o tipo de actividades, recreativas ou ocupacionais que a pessoa desempenhou recentemente ou que desempenha periodicamente. O médico examina também a zona lesada. O doente pode ser remetido para um especialista para outros exames. Os exames de diagnóstico podem incluir radiografias, tomografia axial computadorizada (TAC), ressonância magnética (RM), artroscopia (observação da articulação afectada através de um pequeno instrumento introduzido na articulação), electromiografia (Ver secção 6, capítulo 60) e um estudo, com a ajuda de um computador, da função muscular e articular.
Prevenção
O aquecimento antes de iniciar exercícios extenuantes ajuda à prevenção das lesões. Exercitar-se com passo calmo durante 3 a 10 minutos aquece os músculos o suficiente para os tornar mais flexíveis e resistentes às lesões. Este método activo de aquecimento prepara os músculos para exercícios enérgicos com maior eficácia que os métodos passivos como a água quente, as almofadas de calor, os ultra-sons ou a lâmpada de raios infravermelhos. Os métodos passivos não aumentam a circulação de sangue de modo significativo.
Arrefecimento significa uma redução gradual da velocidade antes de interromper o exercício e evita a tontura ao manter a circulação sanguínea. Quando se interrompe bruscamente um exercício enérgico, o sangue pode acumular-se nas veias das pernas (estagna), reduzindo momentaneamente a irrigação cerebral. O resultado pode ser tonturas e inclusive desfalecimento. O arrefecimento também ajuda a eliminar os resíduos como o ácido láctico dos músculos, mas não parece prevenir a dor muscular no dia seguinte, causada pela lesão das fibras musculares.
Os exercícios de estiramento não parecem prevenir as lesões, mas alongam os músculos de tal forma que se podem contrair mais eficazmente e funcionar melhor. Para evitar lesões musculares durante o estiramento, este deve ser realizado depois do aquecimento ou do exercício. Cada estiramento deve ser suficientemente cómodo para se conseguir contar até 10 ensaios.
As palmilhas para o calçado (ortopédicas) podem muitas vezes corrigir os problemas do pé como a pronação. As palmilhas, que podem ser flexíveis, semi-rígidas ou rígidas, e podem variar em comprimento, devem ser colocadas dentro de sapatilhas de desporto adequadas. As sapatilhas de desporto de boa qualidade têm um calcanhar rígido (a parte posterior da sapatilha que cobre o calcanhar) para controlar o movimento da face posterior do pé, um suporte de um lado ao outro do peito do pé (guarnição), para prevenir a pronação excessiva, e uma abertura acolchoada (colar), para apoiar o tornozelo. O calçado deve ter o espaço adequado para a palmilha. As palmilhas ortopédicas geralmente reduzem o tamanho do calçado num número. Por exemplo, um sapato 38 com uma palmilha ortopédica transforma-se em 37.
Tratamento
O tratamento imediato para quase todas as lesões do desporto consiste em repouso, gelo, compressão e elevação. A parte lesada é imediatamente imobilizada para minimizar a hemorragia interna e o inchaço e para evitar que a lesão piore. A aplicação de gelo faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, ajudando a limitar a inflamação e a reduzir a dor. Ligar a parte lesionada com fita adesiva ou uma ligadura elástica (compressão) e colocá-la acima do coração (elevação) ajuda a limitar o inchaço. Uma bolsa de gelo como as que se encontram no comércio, ou uma bolsa de gelo triturado ou picado, que se molda ao contorno do corpo melhor do que o gelo em cubos, pode ser colocada numa toalha em cima da zona lesada durante 10 minutos. Uma ligadura elástica pode envolver, sem apertar, a bolsa de gelo e a zona lesada. A zona lesada deve manter-se elevada, mas o gelo deve ser retirado durante 10 minutos, com uma nova aplicação ao fim desse tempo durante outros 10 minutos e assim sucessivamente durante uma ou duas horas. Este processo pode repetir-se várias vezes durante as primeiras 24 horas.
O gelo acalma a dor e o inchaço de vários modos. A parte lesionada incha porque o líquido sai dos vasos sanguíneos. A aplicação de frio (que causa uma contracção dos vasos sanguíneos) reduz essa tendência do líquido para sair; deste modo restringe-se a quantidade de líquido e o inchaço da parte lesada. Diminuindo a temperatura da pele sobre a lesão, pode-se reduzir a dor e os espasmos musculares. O gelo também limita a destruição dos tecidos mediante a diminuição da velocidade dos processos celulares.
Contudo, a aplicação demasiado prolongada de gelo pode lesar os tecidos. A pele reage por reflexo quando atinge uma temperatura baixa (cerca de 27ÞC), dilatando os vasos sanguíneos da zona. A pele torna-se avermelhada, aquece, causa ardor e pode doer. Estes efeitos aparecem geralmente de 9 a 16 minutos depois de se ter aplicado o gelo e diminuem em 4 a 8 minutos, depois de retirado o gelo. Portanto, deve-se tirar o gelo quando se manifestarem esses efeitos ou ao fim de 10 minutos de aplicação, mas pode-se repetir ao fim de outros 10 minutos.
As injecções de corticosteróides na articulação lesionada ou nos tecidos circundantes aliviam a dor, reduzem o edema e podem em certas ocasiões ser uma ajuda adicional para o repouso. Contudo, estas injecções podem atrasar o processo de cura, aumentando o risco de lesão do tendão ou da cartilagem. A lesão pode piorar se a pessoa usar a articulação lesada antes que esta sare.
Os fisioterapeutas podem aplicar calor, frio, electricidade, ultra-sons ou estabelecer a prática de exercícios na água como parte de um plano de reabilitação. Aconselha-se também o uso de palmilhas especiais para o calçado ou outros acessórios ortopédicos. A duração da terapia física depende do grau de gravidade e complexidade da lesão.
A actividade ou o desporto que causou a lesão devem ser evitados até à cura. A substituição por actividades que não forcem a zona lesionada é preferível à abstenção de toda a actividade física, dado que a inactividade completa causa a perda da massa muscular, da força e da resistência. Por exemplo, uma semana de repouso requer pelo menos duas semanas de exercício para voltar ao nível de estado físico anterior à lesão. As actividades que podem substituir a habitual incluem ciclismo, natação, esqui e remo, quando a parte inferior da perna ou do pé estão lesados; correr sem se mover do mesmo sítio ou sobre um trampolim, natação e remo quando as lesões se localizam na parte superior da perna; ciclismo e natação, quando são na zona inferior das costas, e corrida, patinagem e esqui, quando são no ombro ou no braço.
O que é a distensão muscular?
A distensão ocorre quando as fibras de um músculo são lesionadas, quer esticadas ou rasgadas. Como os tendões são parte integrante dos músculos, a distensão pode envolver lesões nos tendões. Por vezes, as distensões são denominadas por «músculo puxado».
A distensão ocorre devido ao excesso de esticamento de um músculo no seguimento de forças excessivas. As causas mais comuns incluem lesões desportivas, quedas, movimentos rápidos ou a elevação de um objecto pesado. Ocasionalmente, a tosse constante também pode causar distensão nos músculos da caixa torácica.
As distensões podem afectar quase todos os músculos do corpo. As áreas afectadas mais comuns são os músculos da barriga da perna, na coxa, nas costas, nos ombros e no pescoço. Uma distensão que afecte as costas ou o pescoço pode causar lombalgia ou dores no pescoço (rigidez no pescoço).
As distensões que afectam os músculos numa articulação como o tornozelo, podem ser associadas a danos nos ligamentos – isto é conhecido por entorse.
Dicas de auto-ajuda sofre de varizes
Tem um trabalho sedentário? Permanece de pé por longos períodos de tempo? Tem excesso de peso? Esteve grávida recentemente? A história familiar de varizes?
Estes são todos os factores conhecidos que podem fazer com que você seja mais propenso a varizes. Então, o que pode fazer para conseguir pernas sem varizes?
Aqui estão alguns conselhos para tentar melhorar a saúde das suas pernas:
As veias precisam de actividade diária, o exercício é fundamental para veias saudáveis. Andar a pé, de bicicleta ou natação são tudo bons exercícios para fazer o sangue fluir nas suas pernas.
Diariamente 10 minutos de pausa para elevar as pernas acima do nível do seu coração. Uma maneira simples de conseguir isso é deitar-se e descansar as pernas sobre uma pilha de almofadas.
Controle o seu peso. Reduzir o excesso de peso ajuda a tirar a pressão desnecessária das suas pernas.
Certifique-se que respira profundamente e obtem oxigênio suficiente para a corrente sanguínea.
Use roupas folgadas. Roupas apertadas nas pernas ou virilha pode restringir a circulação impedindo o fluxo normal do sangue.
Evite sapatos de salto alto – sapatos baixos servem para trabalhar os músculos da panturrilha ficando estes mais fortes o que é bastante benéfico para as veias.
Evite banhos muito quentes, saunas e longos períodos ao sol.
Evite cruzar as pernas.
Se estiver parado por muito tempo, mude de posição, passando de uma perna para outra. Tente alguns exercícios de pernas ou mexer os dedos dos pés de vez em quando.
Como sempre é recomendável beber bastante água e manter uma dieta equilibrada. Tenha cuidado com a conhecida “junk food” e tente manter uma dieta sem gorduras saturadas.
Implemente algumas destas dicas que podem ajudar a gerir as suas varizes sem muita interferência na sua vida diária.
Lesão dos meniscos – Joelho –
Lesões Meniscais
O que são os meniscos?
Habitualmente conhecidos como as “cartilagens do joelho”, os meniscos são estruturas fibrocartilaginosas, com forma semilunar, existentes no interior da articulação do joelho.
Existem dois meniscos na articulação do joelho – um interno (lado de dentro do joelho) e outro externo (lado de fora do joelho) – situados entre os côndilos femorais e as cavidades da tíbia. O menisco interno tem a forma de um “C” e o menisco externo tem a forma de um “O”.
Os meniscos têm como principais funções:
– Distribuição de forças relativa ao peso do corpo
– Absorção do impacto entre as forças exercidas na articulação do joelho
– Melhorar a congruência / homogeneidade articular contribuindo para a estabilidade do joelho
– Contribuir para uma integridade articular saudável (nutrição e lubrificação da cartilagem articular)
Ambos os meniscos estão anatomicamente inseridos nas cavidades da tíbia por intermédio de ligamentos. O menisco interno encontra-se fundido / interligado com a cápsula articular e ao ligamento lateral interno. Por este motivo, tem menor mobilidade tornando-se mais susceptível a lesões (cerca de cinco vezes mais), comparativamente ao menisco externo . Para além disso, as lesões do menisco interno ocorrem muitas vezes associadas a lesões do ligamento cruzado anterior e/ou do ligamento lateral interno.
Como ocorrem as lesões dos meniscos?
Dadas as suas características e funcionalidades, uma vez lesados, podem comprometer a funcionalidade do joelho. As lesões meniscais podem apresentar três causas distintas: traumática, degenerativa e congénita.
As de origem traumática são decorrentes de traumas rotacionais ou axiais (ex. rotação do fémur sobre a tíbia), que lesam a estrutura meniscal. Habitualmente o mecanismo desencadeia-se através de uma rotação do corpo sobre o joelho semi-flectido (semi-dobrado). Este mecanismo é mais frequente em atividades desportivas considerando-se a presença de instabilidade articular como um dos principais fatores de risco .
Os indivíduos que sofrem lesões meniscais desta natureza, normalmente identificam o movimento / mecanismo que despertou os sintomas, assim como, o momento do inicio dos mesmos. Referem sintomatologia (dor) inicial severa / aguda, alternado com períodos de menor intensidade. Contudo a atividade física é sempre um fator que desperta ou agrava os sintomas. Lesões de menor gravidade / severidade podem não despertar sintomas imediatos, existindo uma tendência para surgirem ao fim de 24 horas ou mais.
As lesões de origem degenerativa são consequência de processos degenerativos articulares relacionados com idade avançada ou episódios traumáticos anteriores. Nestes casos existe uma história de deterioração do menisco por sobreuso, forças de torção / rotacionais repetitivas ou de alterações biomecânicas do joelho.
Normalmente, indivíduos com lesões degenerativas, têm dificuldade em identificar o início dos sintomas, podendo existir um agravamento da sintomatologia através de um episódio traumático. Neste quadro de origem degenerativa é provável a presença associada de lesões da cartilagem das cavidades tibiais e/ou dos côndilos femorais.
As lesões de origem congénita estão relacionadas com malformações das estruturas meniscais, designados como meniscos discóides. Apresentam uma sintomatologia idêntica às lesões de origem traumática, normalmente motivadas pela realização de uma atividade da vida diária (ex. agachamento) sem história prévia de um traumatismo. As lesões congénitas são muito pouco frequentes e raramente incidem sobre o menisco interno.
Que tipos de lesões meniscais existem?
De um modo geral, podem-se considerar as seguintes lesões meniscais:
– Rotura longitudinal (também designadas de lesão em “asa de cesto”) porque uma porção /parte do menisco “desprende-se” do restante corpo meniscal, formando uma asa cuja aparência se assemelha à asa de um cesto.
– Rotura transversa ou radial;
– Rotura horizontal;
– Rotura oblíqua;
– Alterações degenerativas.
Quais são os sinais e sintomas de uma lesão meniscal?
– Dor localizada ao nível da interlinha articular ou na região interna ou externa do joelho, dependendo do menisco lesado. Por vezes, pode existir dor na região posterior do joelho (atrás do joelho).
– Dificuldades na marcha (andar / caminhar com dor) associada a uma sensação de instabilidade de falência do joelho (falta de força repentina) em atividades que implicam mudança de direção na marcha, no subir e descer escadas e pisos inclinados.
– Sensação de joelho bloqueado (preso) limitando-o à realização de certos movimentos (ex. dificuldade em esticar o joelho na sua totalidade) por presença de fragmento meniscal (presença de um corpo livre e solto dentro do joelho) – comum nos casos de ruptura em “asa de cesto” ou por espamo muscular.
– Sensação de ressalto (os movimentos do joelho podem ser acompanhados por um ressalto / “clunk” audível)
– Presença de edema (inchaço do joelho). É um sinal clínico frequente, mas por vezes pode não estar presente. – Por norma, a instalação do edema é lenta (pode levar horas ou alguns dias) nas lesões de origem traumática, no entanto, se surgir edema nos primeiros momentos após a lesão, poderá ser um indicador positivo a uma lesão associada do ligamento cruzado anterior
Qual o tratamento?
Normalmente as lesões meniscais têm quase sempre indicação para cirurgia.
Contudo, a base desta decisão pode ser considerada pelo grau de severidade bem como pelas expectativas e necessidades de cada utente. Lesões cujo sinal de ruptura seja de dimensões reduzidas podem ser resolvidas com a fisioterapia. Lesões cuja severidade seja elevada (ex. lesão meniscal em “asa de cesto” entre outras) tem habitualmente indicação para cirurgia. Para além da história (origem / causa da lesão, sinais e sintomas) e respectiva avaliação clínica, os níveis de severidade das lesões meniscais podem requerer a necessidade de confirmação através de exames complementares de diagnóstico (ex. ressonância magnética).
Seja qual for a base da decisão, a intervenção da fisioterapia nos casos não cirúrgicos e/ou pós-cirúrgicos é constituída por várias etapas ou fases e têm como principais linhas orientadoras:
– A diminuição da dor e o edema (inchaço) através da aplicação de várias estratégias (tipos de tratamento) como por exemplo a utilização de gelo por determinados períodos de tempo, agentes electrofísicos, mobilização da articulação do joelho, ligaduras funcionais, entre outras.
– Restabelecer a mobilidade do joelho através da implementação de programas de exercícios direcionados para o aumento das amplitudes articulares
– Aumentar a força muscular do membro inferior, através de programas de fortalecimento direcionados para músculos específicos da coxa e da perna
– Aumentar a estabilidade articular do joelho recorrendo a um conjunto de exercícios proprioceptivos (de coordenação e equilíbrio) implementados gradualmente tendo em conta critérios adequados de exigência e dificuldade
No global, a intervenção da fisioterapia tem como objetivo central melhorar os seus níveis de funcionalidade e diminuir as restrições nas suas atividades do dia a dia (ex. no andar, subir e descer escadas, agachar-se, etc) e/ou desportivas, assim como, prevenir ou minimizar os riscos de um novo episódio.
Existe um bom prognóstico na recuperação das lesões meniscais pós-cirurgicas podendo variar entre os 30 a 60 dias tendo em conta fatores como a idade, ausência de complicações pós-cirúrgicas, o inicio precoce da fisioterapia, a motivação, etc.
Nos casos não cirúrgicos (lesões meniscais de reduzida dimensão) o prognóstico pode ser superior aos 60 dias, condicionado em grande parte à capacidade regeneração do menisco.
Pescoço de SMS
Pescoço de SMS
O uso excessivo de telemóveis, smartphones e tablets está a afetar a cervical de muitos portugueses. A coluna das crianças também está a ser prejudicada
Em média, passamos entre duas a quatro horas por dia, curvados sobre o telemóvel a ler e-mails, enviar SMS ou a consultar a internet e a atualizar as redes sociais. Um hábito tão comum que nem imaginaríamos que podia ter riscos para a saúde. O ato de baixar a cabeça para consultar o ecrã de um smartphone pode ter consequências na cervical. Uma pesquisa elaborada por Kenneth Hansraj, chefe do departamento de cirurgia da coluna do New York Spine Surgery & Rehabilitation Medicine, nos Estados Unidos da América, não deixa margem para dúvidas, se é que ainda as houvesse.
O estudo internacional concluiu que, à medida que inclinamos a cabeça (que num adulto pesa, em média, entre quatro quilos e meio e cinco quilos e meio) para a frente e para baixo, o peso exercido na cervical aumenta gradualmente. Sobe para cerca de 12 quilos num ângulo de 15 graus e atinge os 18 quilos num ângulo de 30 graus. De forma surpreendente, aumenta para os 22 quilos num ângulo de 45 graus. Se o ângulo for de 60 graus, o peso exercido sobre o pescoço será de 27 quilos, o equivalente ao peso de uma criança de oito anos. Impressionado?
As consequências de uma utilização excessiva
A pressão que esta postura errada exerce sobre a cervical e que, anualmente, representa cerca de 700 a 1.400 horas, pode levar, segundo o estudo, a que os tecidos fiquem doridos e inflamados, provoca tensão muscular e pode mesmo alterar a curvatura natural do pescoço. O primeiro sinal de alerta são as dores nas costas e no pescoço mas Kenneth Hansraj acredita que as consequências podem ser mais vastas, gerando «desgaste prematuro da cervical, aparecimento de hérnias discais e necessidade de intervenção cirúrgica». Outras possíveis consequências incluem «a redução da capacidade pulmonar até 30 por cento, dores de cabeça, depressão e doença cardíaca», refere o investigador ao jornal norte-americano The Washington Post.
O grupo de maior risco
Em declarações ao jornal norte-americano, Kenneth Hansraj refere que este problema é especialmente preocupante nos jovens, que acabam por ser mais afetados. Estes são capazes «de passar mais 5000 horas por ano nesta posição» do que a restante população, «o que significa que, dentro em breve, poderemos começar a assistir a pessoas cada vez mais novas a precisarem de tratamentos para a coluna». Por isso, Kenneth Hansraj «gostaria de ver os pais a ter mais atenção a isso».
O que fazer para não prejudicar a sua coluna
Estratégias do investigador para continuar a usufruir do seu smartphone sem prejudicar a saúde:
– Mantenha uma boa postura
Consiste em manter os ombros para trás, alinhados com as orelhas.
– Mova apenas os olhos
Olhe para o telemóvel fazendo descer o olhar se necessário, mantendo a postura certa, sem inclinar o pescoço.
– Exercite o pescoço
Mova a cabeça para a direita e para a esquerda várias vezes e utilize as mãos para oferecer resistência e empurre a cabeça para a frente e para trás. Existe ainda um outro exercício que pode repetir. Coloque-se na ombreira de uma porta com os braços esticados e empurre o peito para a frente, para fortalecer os músculos da boa postura.
Fractura de Colles
A fratura de Colles é uma fratura distal do rádio que ocorre até 2,5cm acima do punho e com angulação dorsal no local da fratura. O mecanismo mais comum de lesão é uma queda sobre a mão ao tentar amparar a queda.
Embora haja um bom prognóstico para fazer uma recuperação completa, os seguintes fatores podem influenciar a consolidação da fratura e recuperação mais lenta: a idade do paciente, o caráter da fratura, doenças sistémicas, doença óssea, osteoporose e osteopenia.
Com base no Guide to Physical Therapist Practice, desenvolvido pela APTA, o prognóstico para uma fractura de colles tratada conservadoramente é de 3-6 meses de reabilitação pós-fratura (entre 6-18 tratamentos de fisioterapia), quando tratada cirurgicamente, a reabilitação para uma fratura de colles estima-se entre 1-8 meses (entre 6-70 tratamentos de fisioterapia)
Protocolo de reabilitação para o tratamento conservador dafratura de Colles
Fase aguda (0-8 semanas)
Objetivos: Proteção com tala para o antebraço; controlo da dor e do edema; manutenção da amplitude de movimento dos dedos, cotovelo e ombro.
Intervenções
Fase sub-aguda
Objetivos: controlo da dor e edema (TENS , gelo); ganho de amplitude de movimento; retorno progressivo às atividades da vida diária (AVDs)
Intervenções
Fase final
Objetivos: Recuperar a totalidade da amplitude de movimento; iniciar o fortalecimento; retorno total às atividades da vida diária (AVDs)
Intervenções
Protocolo de reabilitação para o tratamento cirúrgico dafratura de Colles
Fase aguda (1-3 semanas)
Objetivos: proteger a sutura cirúrgica; controlo da dor e do edema (TENS e gelo); manutenção da amplitude de movimento dos dedos, cotovelo e ombro
Intervenções
Fase sub-aguda (4-7 semanas)
Objetivos: protecção; controlo da dor e edema (TENS , gelo, massagem); aumentar a amplitude de movimento;
Intervenções
Fase final (8-12 semanas)
Objetivos: amplitude de movimento completa; começar o fortalecimento
Intervenções
Modalidades
Crioterapia
A crioterapia também pode ser combinada com compressão e elevação para tratar o edema e a dor. Deve ser aplicada à área entre 10-15 minutos, em intervalos de 2 horas.
Massagem para o edema
Pode ser realizada 3x/semana durante 4 semanas seguido por 2x/semana por 2 semanas. Neste estudo todos os tratamentos foram combinados com exercícios de fortalecimento e alongamento. A massagem para o edema deve ser realizada em primeiro lugar, com atenção à anatomia do sistema linfático.
Estimulação Elétrica
O uso da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) pode ser iniciado em qualquer fase da reabilitação para tratar a dor, mas é particularmente útil para os pacientes que estão a aumentar o nível de atividade do punho. O TENS convencional é útil para interromper o ciclo de dor através de uma sessão de tratamento prolongado.
Conheça o seu ombro
CONHEÇA O SEU OMBRO
O ombro poderá ser comparado ao encaixe de uma bola de ténis sobre um pires, que são mantidos agarrados graças a uma cápsula e um conjunto de tiras que os envolve. O pires, de pequeno tamanho, tem a sua largura aumentada graças ao “labrum” que o contorna, sobre o qual se liga a cápsula.
O seu ombro
A QUE SE DEVE A SUA DOR ?
As queixas devidas a instabilidade, podem ser divididas em 3 grandes categorias:
A explicação das suas dores está nas estruturas ligamentares da articulação, que não estão bem. Por isso, a dor que sente surge com movimentos levados ao extremo, como quando eleva o braço para trás, por vezes acompanhada da sensação de que o ombro vai “sair do sítio”.
Sem tratamento cirúrgico, a evolução espontânea do seu ombro pode ser em direcção ao reaparecimento de novos episódios de instabilidade. O risco de luxação é grande, na prática desportiva ou com outros esforços.
QUE TIPO DE CIRURGIA ?
A intervenção tem como objectivo restabelecer a estabilidade. Trata-se de uma reparação que tem como objectivo uma articulação fiável, indolor, forte, com boa mobilidade, e que lhe permita efectuar os gestos da sua vida quotidiana e desportiva.
APÓS A CIRURGIA
No pós operatório, o seu braço será imobilizado ao peito por um período que pode ir de alguns dias a 3 ou 4 semanas dependendo do tipo de cirurgia efectuada.
Não hesite em solicitar à equipa medicamentos para as dores, se necessário, durante o internamento.
A reabilitação fisiátrica começará após a 4ª. semana, em função do tipo de cirurgia que foi realizada. Em alguns casos a recuperação será efectuada apenas pelo próprio paciente, conforme as indicações do cirurgião.
Seguir sempre os princípios base:
CUMPRIR AS ORDENS DO CIRURGIÃO E DO MÉDICO FISIATRA
NUNCA FORÇAR
NUNCA DOER
Os desportos não violentos e pouco exigentes para o ombro poderão ser reiniciados à 6ª. semana, mas os que acarretam maior risco de traumatismo serão progressivamente retomados nos meses seguintes, conforme a recuperação.
Dedo em gatilho ou tenossinovite estenosante
Dedo em gatilho ou tenossinovite estenosante
O dedo em gatilho ou tenossinovite estenosante, como é cientificamente chamada, é uma inflamação no tendão responsável por dobrar o dedo, fazendo com que o dedo fique sempre dobrado, mesmo que o indivíduo tente abri-lo.
O dedo em gatilho tem cura através do tratamento que pode ser feito com fisioterapia e em casos mais graves cirurgia.
A inflamação crónica do tendão provoca a formação de um nódulo na base do dedo, que é o responsável pelo estalido, parecido com um gatilho, durante o fechamento e abertura do dedo afectado, como mostra a imagem.
O dedo em gatilho é mais frequente em mulheres de meia-idade, mas pode ocorrer em pessoas de todas as idades, incluindo crianças.
Sintomas do dedo em gatilho
Os sintomas do dedo em gatilho incluem:
O dedo em gatilho no polegar é um dos mais frequentes, assim como o dedo médio e anelar e os sintomas pioram pela manhã devido ao aumento do inchaço e inatividade durante a noite.
Causas do dedo em gatilho
As causas do dedo em gatilho podem ser:
No entanto, na maioria dos casos a causa é desconhecida. O diagnóstico é feito através da examinação do paciente e da realização de exames complementares, como ultrassonografia e ressonância magnética.
Tratamento para dedo em gatilho
O tratamento para dedo em gatilho varia conforme a intensidade, gravidade e os sintomas.
Em casos leves, o tratamento é feito através da fisioterapia para dedo em gatilhoatravés de exercícios e massagem. Os exercícios para dedo em gatilho servem para fortalecer os músculos responsáveis por esticar a mão e os dedos, manter a mobilidade e aliviar o inchaço e a dor. Outras medidas incluem:
Em casos graves, o ortopedista pode aplicar uma injeção de cortisona diretamente sobre o nódulo. Este procedimento é simples e rápido e tem o objetivo de aliviar os sintomas, principalmente a dor.
No entanto, pode ser necessário repetir o procedimento e não é aconselhável usá-lo muitas vezes porque pode ocorrer enfraquecimento do tendão e risco de ruptura ou infecção.
Cirurgia para dedo em gatilho
A cirurgia para dedo em gatilho é realizada quando as outras formas de tratamento não resultam. É feito um pequeno corte na palma da mão e a porção inicial da bainha do tendão é alargada ou liberada.
O tratamento cirúrgico para dedo em gatilho tem baixo índice de complicações e excelente resultado a curto e longo prazo. O paciente, 1 a 2 semanas após a cirurgia, já pode realizar leves atividades com a mão e a recuperação total normalmente acontece semanas depois.
Dedo em gatilho em bebe
O dedo em gatilho em bebé pode ocorrer devido a factores congénitos ou traumáticos e quando não é tratado adequadamente pode ocorrer deformidades graves devido à imaturidade dos ossos das crianças.
O tratamento para dedo em gatilho em bebê pode ser feito com fisioterapia, massagem e cirurgia após a criança fazer 1 ano. Alguns médicos preferem realizar logo a cirurgia, enquanto outros preferem tentar outras formas de tratamento e só depois cirurgia. Porém, a cirurgia é obrigatória quando há bloqueio de movimentos.
Neuroma de morton – Um dos problemas para quem usa salto alto
– O que é
O Neuroma de Morton é uma dor localizada no nervo interdigital (entre os metatarsos e os dedos) devido ao contacto entre o nervo e as cabeças dos metatarsos, causando dor frequentemente. o indivíduo tem que se sentar.
O neuroma de Morton não é realmente um tumor, mas o engrossar do tecido que envolve o nervo digital que percorre aos dedos do pé. Ocorre enquanto o nervo passa sob o ligamento que conecta os ossos do dedo do pé (metatarsos) no ante pé. O neuroma de Morton forma-se mais frequentemente entre o terceiro e quarto dedos do pé, geralmente em resposta à irritação, ao trauma ou à pressão excessiva. A incidência do neuroma de Morton é 8 a 10 vezes maior nas mulheres do que nos homens.
– Complicações possíveis
– Causas
Os principais factores de risco para o Neuroma de Morton estão relacionados com altas pressões na região anterior do pé durante o passo ou compressão dos dedos e dos ossos da ponta do pé. Essa compressão pode ser decorrente de alguma alteração anatómica, atividades de alto impacto ou calçados inadequados. Fatores de risco:
– Sintomas
Pé ficara dolorido. A dor normalmente é pior quando os dedos do pé são apontados (virados) para cima, sensação de caminhar sobre berlindes. Possibilidade de dormência ou formigamento na área afectada. Possibilidade de sensibilidade entre os ossos do terceiro e quarto dedos ou entre os ossos do segundo e terceiro dedos.
– Tratamento convencional
– Tratamento osteopático
– Prevenção
Patologias do Pé e Tornozelo
Patologias do Pé e Tornozelo
As patologias do pé e tornozelo podem ser enquadradas nas seguintes categorias:
– Adquiridas por utilização de calçado inadequado, stress físico, ou pequenas alterações mecânicas no próprio pé.
– Patologia artrítica, que tipicamente envolve uma ou mais articulações.
– Patologias congénitas do pé, que ocorrem à nascença e são geralmente herdadas.
– Patologias infecciosas do pé, causadas por bactérias, vírus, ou fungos.
– Neoplasias, também conhecidas como tumores, que resultam do crescimento anormal de tecido em qualquer local do pé e podem ser benignas ou malignas.
– Traumatismos, associados ao pé e tornozelo, tais como as fracturas.
Patologias mais comuns no pé:
Joanetes – alinhamento incorrecto da articulação do primeiro dedo com o metatarso, que aumenta de tamanho e que se torna dolorosa, afastando-se “para fora”; o dedo faz uma angulação em direcção aos outros dedos. Os joanetes têm uma forte componente hereditária, mas podem ser agravados por calçado inadequado. A funcionalidade inadequada do pé pode também ser uma agravante.
Dedo em garra – pode originar-se devido a um desequilíbrio muscular; ocorre quando o dedo adquire a forma de uma “garra”, pode afectar qualquer dedo, mas é mais frequente no segundo dedo do pé – pode aparecer como consequência de um joanete. A correcta escolha de meias e calçado podem aliviar o desconforto e evitar que piore. É aconselhável avaliar a causa e tratá-la.
Esporão do calcanhar – surge no calcâneo (osso do calcanhar), à frente no alinhamento de um forte tendão da planta do pé (fáscia plantar). O esporão vai-se formando com a tracção forte e repetida do tendão sobre a sua inserção no calcâneo – ocorre uma progressiva calcificação. A dor resulta normalmente do estiramento do tendão e não propriamente do esporão. É importante uma avaliação minuciosa de uma possível causa funcional/biomecânica.
Unhas encravadas – unhas cujos cantos/laterais ferem dolorosamente a pele. Podem ser o resultado de um mau corte ungueal, mas também podem ser resultado de conflito com o calçado, lesão, infecção fúngica, hereditariedade, e desvio na estrutura do pé. As mulheres são mais propensas do que os homens a tipo de problema com as unhas dos pés. A prevenção começa por realizar um corte correcto, seleccionar calçado adequado e actuar com rapidez perante alguma dor no pé.
Neuroma – aumento benigno da espessura do nervo, mais comum entre o terceiro e quarto dedo (na sua base). É causado por pressão e fricção sobre o nervo, inflamando-o. A pressão de sapatos de salto alto e/ou apertados ou alterações na estrutura óssea podem conduzir a esta patologia. A rapidez na intervenção é a chave para um tratamento bem sucedido. Dependendo da severidade, o tratamento pode consistir em ortóteses plantares personalizadas, infiltrações locais, e cirurgia.
Fasceite Plantar – inflamação na região plantar do pé que acarreta dor a nível do calcanhar e/ou arco. Há uma grande variedade de lesões ou uma funcionalidade inccorecta do pé que pode originar uma fasceite plantar. É habitual o recurso a tratamento anti-inflamatório, a exercícios específicos e ao tratamento com ortóteses plantares personalizadas para corrigir a funcionalidade do pé e aliviar a dor.
Sesamoidite – inflamação ou ruptura de um ou ambos os pequenos ossos (chamados de sesamoides) sob o primeiro metatarso. A utilização de calçado adequado e ortóteses plantares personalizadas podem ajudar.
Canelite/ “Shin Splint” – dor em qualquer dos lados da perna causada por inflamação muscular ou tendinosa. Está relacionado com a excessiva pronação do pé, mas também pode estar ligado a um desequilíbrio muscular entre grupos musculares opostos. Exercícios adequados, ortóteses plantares personalizadas para corrigir o excesso de pronação podem ajudar na prevenção e cura.
Fracturas de Stress – fendas incompletas no osso causadas por sobreuso (stress). Com repouso completo, estas fracturas em dedos ou outros ossos do pé tendem a curar rapidamente. Contudo, é frequente evoluírem para fracturas completas. É importante determinar a causa biomecânica e anulá-la/minimizá-la.
Lesões causadas pelo desporto
Lesões causadas pelo desporto
Em alguns países, as lesões causadas pelo desporto são muito frequentes. Os princípios da medicina desportiva podem aplicar-se ao tratamento de muitas lesões musculoesqueléticas, que podem ser semelhantes a uma lesão durante uma actividade desportiva, mas devidas a uma causa diferente. Por exemplo, o cotovelo do tenista pode ser devido à acção de carregar uma mala, de atarraxar ou de abrir uma porta emperrada, e um joelho de corredor pode dever-se à acção de rodar excessivamente o pé para dentro ao andar (pronação).
Causas
Uma lesão causada pelo desporto deve-se a métodos de treino incorrectos, anomalias estruturais que forçam certas partes do corpo mais do que outras e fraqueza dos músculos, tendões e ligamentos. O desgaste crónico é a causa de muitas destas lesões, que são resultado de movimentos repentinos que afectam tecidos susceptíveis.
Métodos de treino incorrectos
A maior parte das lesões musculares e articulares devem-se a métodos de treino incorrectos. A pessoa não permite uma recuperação adequada ao fim de um período de treino, ou então não interrompe o exercício quando aparece a dor.
Sempre que se forçam os músculos num treino intensivo, algumas fibras musculares lesionam-se e outras consomem a energia disponível que foi armazenada sob a forma de glicogénio. Exigem-se mais de dois dias para que as fibras sarem e para substituir o glicogénio. Como só as fibras não lesionadas e adequadamente alimentadas funcionam de modo apropriado, os períodos de treino intensivo muito seguidos exigem, enfim, um trabalho comparável por parte de uma menor quantidade de fibras sãs, aumentando a probabilidade de lesões. Por conseguinte, podem prevenir-se as lesões crónicas deixando um intervalo de pelo menos 2 dias entre os períodos de treino intensivo, ou alternando os que forçam diferentes partes do corpo. Muitos programas de treino alternam um dia de treino intensivo com um de repouso (Ver secção 5, capítulo 58) (como fazem muitos levantadores de pesos) ou com um dia de treino ligeiro. No caso de um corredor, este pode correr a um ritmo de 5 minutos/1,5 km um dia e a um ritmo de 6 a 8 minutos/1,5 km no dia seguinte. Se um atleta treinar duas vezes por dia, cada exercício intenso deve ser seguido de pelo menos de 3 exercícios menos enérgicos. Só os nadadores podem praticar todos os dias ambos os treinos, o enérgico e o ligeiro, sem se lesionar. A força de ascensão da água ajuda-os a proteger os seus músculos e articulações.
A dor que precede muitas lesões por desgaste apresenta-se pela primeira vez quando um número limitado de fibras do músculo ou do tendão começam a rasgar-se. Interromper o exercício ao primeiro sinal de dor limita a lesão a essas fibras, dando como resultado uma recuperação mais rápida. Continuar a fazer exercício enquanto se sente dor provoca a laceração de uma maior quantidade de fibras, estendendo a lesão e atrasando a recuperação.
Anomalias estruturais
As anomalias estruturais podem fazer com que uma pessoa seja propensa a uma lesão desportiva pelo esforço desigual de várias partes do corpo. Por exemplo, quando as pernas são desiguais em comprimento, exerce-se uma força maior sobre a anca e o joelho da perna mais comprida. Habitualmente, correr pelos lados de caminhos com desníveis tem o mesmo efeito; pisar repetidamente com um pé a superfície um pouco mais elevada aumenta o risco de dor ou lesão nesse lado do corpo. A pessoa que tem uma curva exagerada da coluna vertebral pode sentir dor de costas quando faz girar um taco de basebol. Em geral, a dor desaparece quando se interrompe a actividade, mas regressa sempre que se atinge a mesma intensidade de exercício.
O factor biomecânico que causa a maioria das lesões do pé, da perna e da anca é a pronação excessiva (uma rotação dos pés para dentro depois de entrar em contacto com o solo). Um certo grau de pronação é normal e evita as lesões, dado que ajuda a distribuir a força por todo o pé.
Contudo, a pronação excessiva pode causar dor no pé, no joelho e na perna. Em pessoas que têm uma pronação excessiva, os tornozelos são tão flexíveis que o arco dos pés toca o solo enquanto caminham ou correm, dando a aparência de pés chatos. Um corredor com pronação excessiva pode sofrer dores dos joelhos quando corre longas distâncias.
O problema contrário, a fraca pronação, pode ocorrer nas pessoas que têm tornozelos rígidos. Nestas pessoas, o pé parece ter um arco muito elevado e não absorve bem o impacto, aumentando o risco de produzir pequenas fendas nos ossos dos pés e das pernas (fracturas por sobrecarga).
Debilidade de músculos, tendões e ligamentos
Os músculos, os tendões e os ligamentos rompem-se quando são submetidos a esforços superiores à sua força intrínseca. Por exemplo, podem lesionar-se se forem demasiado fracos ou rígidos para o exercício que se está a tentar praticar. As articulações são mais propensas às lesões quando os músculos e os ligamentos que as sustentam são fracos, como acontece depois de uma entorse. Os ossos enfraquecidos pela osteoporose podem fracturar-se facilmente.
Os exercícios de fortalecimento ajudam a prevenir as lesões. O exercício regular não aumenta nem reforça a musculatura de forma significativa. O único modo de fortalecer os músculos é exercitá-los contra uma maior resistência de forma progressiva, como praticar um desporto cada vez mais intenso, levantar pesos cada vez maiores, ou usar máquinas especiais de fortalecimento. Os exercícios de reabilitação para fortalecer os músculos e os tendões que já estão sãos fazem-se, geralmente, levantando ou pressionando contra elementos resistentes, em séries de 8 a 11 repetições, em dias alternados no máximo.
Diagnóstico
Para diagnosticar uma lesão desportiva ou outra lesão musculoesquelética, o médico indaga sobre o local e o modo como se deu a mesma e sobre o tipo de actividades, recreativas ou ocupacionais que a pessoa desempenhou recentemente ou que desempenha periodicamente. O médico examina também a zona lesada. O doente pode ser remetido para um especialista para outros exames. Os exames de diagnóstico podem incluir radiografias, tomografia axial computadorizada (TAC), ressonância magnética (RM), artroscopia (observação da articulação afectada através de um pequeno instrumento introduzido na articulação), electromiografia (Ver secção 6, capítulo 60) e um estudo, com a ajuda de um computador, da função muscular e articular.
Prevenção
O aquecimento antes de iniciar exercícios extenuantes ajuda à prevenção das lesões. Exercitar-se com passo calmo durante 3 a 10 minutos aquece os músculos o suficiente para os tornar mais flexíveis e resistentes às lesões. Este método activo de aquecimento prepara os músculos para exercícios enérgicos com maior eficácia que os métodos passivos como a água quente, as almofadas de calor, os ultra-sons ou a lâmpada de raios infravermelhos. Os métodos passivos não aumentam a circulação de sangue de modo significativo.
Arrefecimento significa uma redução gradual da velocidade antes de interromper o exercício e evita a tontura ao manter a circulação sanguínea. Quando se interrompe bruscamente um exercício enérgico, o sangue pode acumular-se nas veias das pernas (estagna), reduzindo momentaneamente a irrigação cerebral. O resultado pode ser tonturas e inclusive desfalecimento. O arrefecimento também ajuda a eliminar os resíduos como o ácido láctico dos músculos, mas não parece prevenir a dor muscular no dia seguinte, causada pela lesão das fibras musculares.
Os exercícios de estiramento não parecem prevenir as lesões, mas alongam os músculos de tal forma que se podem contrair mais eficazmente e funcionar melhor. Para evitar lesões musculares durante o estiramento, este deve ser realizado depois do aquecimento ou do exercício. Cada estiramento deve ser suficientemente cómodo para se conseguir contar até 10 ensaios.
As palmilhas para o calçado (ortopédicas) podem muitas vezes corrigir os problemas do pé como a pronação. As palmilhas, que podem ser flexíveis, semi-rígidas ou rígidas, e podem variar em comprimento, devem ser colocadas dentro de sapatilhas de desporto adequadas. As sapatilhas de desporto de boa qualidade têm um calcanhar rígido (a parte posterior da sapatilha que cobre o calcanhar) para controlar o movimento da face posterior do pé, um suporte de um lado ao outro do peito do pé (guarnição), para prevenir a pronação excessiva, e uma abertura acolchoada (colar), para apoiar o tornozelo. O calçado deve ter o espaço adequado para a palmilha. As palmilhas ortopédicas geralmente reduzem o tamanho do calçado num número. Por exemplo, um sapato 38 com uma palmilha ortopédica transforma-se em 37.
Tratamento
O tratamento imediato para quase todas as lesões do desporto consiste em repouso, gelo, compressão e elevação. A parte lesada é imediatamente imobilizada para minimizar a hemorragia interna e o inchaço e para evitar que a lesão piore. A aplicação de gelo faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, ajudando a limitar a inflamação e a reduzir a dor. Ligar a parte lesionada com fita adesiva ou uma ligadura elástica (compressão) e colocá-la acima do coração (elevação) ajuda a limitar o inchaço. Uma bolsa de gelo como as que se encontram no comércio, ou uma bolsa de gelo triturado ou picado, que se molda ao contorno do corpo melhor do que o gelo em cubos, pode ser colocada numa toalha em cima da zona lesada durante 10 minutos. Uma ligadura elástica pode envolver, sem apertar, a bolsa de gelo e a zona lesada. A zona lesada deve manter-se elevada, mas o gelo deve ser retirado durante 10 minutos, com uma nova aplicação ao fim desse tempo durante outros 10 minutos e assim sucessivamente durante uma ou duas horas. Este processo pode repetir-se várias vezes durante as primeiras 24 horas.
O gelo acalma a dor e o inchaço de vários modos. A parte lesionada incha porque o líquido sai dos vasos sanguíneos. A aplicação de frio (que causa uma contracção dos vasos sanguíneos) reduz essa tendência do líquido para sair; deste modo restringe-se a quantidade de líquido e o inchaço da parte lesada. Diminuindo a temperatura da pele sobre a lesão, pode-se reduzir a dor e os espasmos musculares. O gelo também limita a destruição dos tecidos mediante a diminuição da velocidade dos processos celulares.
Contudo, a aplicação demasiado prolongada de gelo pode lesar os tecidos. A pele reage por reflexo quando atinge uma temperatura baixa (cerca de 27ÞC), dilatando os vasos sanguíneos da zona. A pele torna-se avermelhada, aquece, causa ardor e pode doer. Estes efeitos aparecem geralmente de 9 a 16 minutos depois de se ter aplicado o gelo e diminuem em 4 a 8 minutos, depois de retirado o gelo. Portanto, deve-se tirar o gelo quando se manifestarem esses efeitos ou ao fim de 10 minutos de aplicação, mas pode-se repetir ao fim de outros 10 minutos.
As injecções de corticosteróides na articulação lesionada ou nos tecidos circundantes aliviam a dor, reduzem o edema e podem em certas ocasiões ser uma ajuda adicional para o repouso. Contudo, estas injecções podem atrasar o processo de cura, aumentando o risco de lesão do tendão ou da cartilagem. A lesão pode piorar se a pessoa usar a articulação lesada antes que esta sare.
Os fisioterapeutas podem aplicar calor, frio, electricidade, ultra-sons ou estabelecer a prática de exercícios na água como parte de um plano de reabilitação. Aconselha-se também o uso de palmilhas especiais para o calçado ou outros acessórios ortopédicos. A duração da terapia física depende do grau de gravidade e complexidade da lesão.
A actividade ou o desporto que causou a lesão devem ser evitados até à cura. A substituição por actividades que não forcem a zona lesionada é preferível à abstenção de toda a actividade física, dado que a inactividade completa causa a perda da massa muscular, da força e da resistência. Por exemplo, uma semana de repouso requer pelo menos duas semanas de exercício para voltar ao nível de estado físico anterior à lesão. As actividades que podem substituir a habitual incluem ciclismo, natação, esqui e remo, quando a parte inferior da perna ou do pé estão lesados; correr sem se mover do mesmo sítio ou sobre um trampolim, natação e remo quando as lesões se localizam na parte superior da perna; ciclismo e natação, quando são na zona inferior das costas, e corrida, patinagem e esqui, quando são no ombro ou no braço.