O reumatismo

Dentro desta definição, enquadram-se inúmeras doenças com localizações e características muito diferentes, que afectam as estruturas articulares e musculares do organismo. São doenças degenerativas, muito relacionadas com o envelhecimento, e, por isso, a sua frequência tem vindo a aumentar, dado o aumento de esperança de vida média das populações.

Actualmente, conhecem-se mais de 150 tipos diferentes de doenças reumáticas.

As estimativas disponíveis indicam que, a cada momento, cerca de 2,7 milhões de portugueses sofre de algum tipo de queixas reumáticas, o que equivale a 25,7% da população.

As mulheres tendem a ser mais afectadas, correspondendo a cerca de 60% do total dos casos.

Cerca de 10% da população portuguesa sofre de uma doença reumática grave e incapacitante.

Emboras estas doenças afectem mais as pessoas idosas, as crianças também o podem ser. Por exemplo, a Artrite Reumatóide, o Lúpus Eritematoso Sistémico ou a Espondilite Anquilosante, atingem pessoas mais jovens e em idade produtiva.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, a noção de “sofrer de reumatismo” está incorrecta porque todas as doenças reumáticas têm um diagnóstico e tratamento específicos.

Podemos, no entanto, encontrar alguns elementos comuns às várias doenças reumáticas: são dolorosas, por vezes durante toda a vida, limitam a capacidade funcional e são “invisíveis”, na medida em que a dor, se não existir uma deformação articular visível, não é geralmente compreendida pelas pessoas nem mesmo pelos familiares do doente.

 

O que causa o reumatismo?

As causas variam em função das diversas doenças reumáticas. De um modo geral, as causas mais comuns são as formas degenerativas, em que o aparelho locomotor vai perdendo as suas características originais, como acontece nas artroses e na osteoporose; as inflamatórias, como a Artrite Reumatóide ou a Espondilite Anquilosante; as infecciosas; as imunológicas, como o Lúpus Eritematoso Sistémico e a Esclerodermia; e as metabólicas, como é o caso da Gota.

Está também identificada uma predisposição genética para várias formas de doenças reumáticas.

 

Quais os sintomas do reumatismo?

A queixa mais comum é, sem dúvida, a dor. Esta dor tenderá a variar na sua intensidade, no seu ritmo, na sua localização em função do tipo de doença reumática e essas características são importantes para o diagnóstico. Por exemplo, é importante distinguir a dor mecânica, que surge com o esforço sobre a articulação doente, da dor inflamatória, mais intensa ao acordar.

Outros sintomas e sinais frequentes são o calor e inchaço das articulações e a sensação de fraqueza ou rigidez ao executar actividades mínimas, como abotoar uma camisa ou escrever. Os doentes podem referir ainda fadiga acentuada, falta de energia, ou sensação de mal-estar.

Uma vez que as doenças reumáticas podem afectar outros órgãos, as queixas irão depender dos locais atingidos.

A doença reumática mais frequente é a osteoartrose, que afecta tanto a cartilagem como o osso nas articulações, causando dor, rigidez e limitação dos movimentos.

A artrose torna-se mais frequente à medida que se envelhece, afectando 80% das pessoas com mais de 60 anos embora apenas 20% apresentem queixas.

Outras doenças reumáticas bem conhecidas são a artrite reumatóide, a fibromialgia, o lúpus eritematoso sistémico, a gota, a polimialgia reumática, as tendinites mas esta lista poderia prolongar-se por muitas mais linhas. 

 

Como se diagnostica o reumatismo?

Este diagnóstico pode ser difícil porque os sintomas das doenças reumáticas ocorrem em várias outras doenças.

De um modo geral, o médico reumatologista revê a história clínica do paciente, observa-o e requisita um conjunto de testes laboratoriais bem como estudos por imagem.

Algumas das análises mais importantes para o diagnóstico de uma doença reumática são os anticorpos antinucleares, a proteína C-reactiva, o complemento, a creatinina, a velocidade de sedimentação e o factor reumatóide. Poderá valer a pena examinar o líquido sinovial, presente nas articulações, em busca de células inflamatórias, bactérias ou vírus.

 

Como se trata o reumatismo?

Como regra, as doenças reumáticas não têm cura, sendo a excepção as formas infecciosas. Contudo, isso não significa que ser portador de uma doença reumática implique uma fonte constante de sofrimento obrigatório. Os tratamentos disponíveis permitem, em muitos casos, a manutenção de uma boa qualidade de vida.

Como se referiu, existem dezenas de diferentes doenças reumáticas e o seu tratamento variará de caso para caso. Actualmente, existem vários medicamentos eficazes para o controlo ou mesmo para a cura de algumas destas doenças.

O processo de avaliação e diagnóstico deve ser conduzido pelo médico reumatologista. É importante salientar que, quanto mais precoce for o diagnóstico, maior será a probabilidade de controlar eficazmente qualquer uma das doenças reumáticas.

Dentro dos tratamentos disponíveis inclui-se o repouso, o exercício, uma dieta adequada, a fisioterapia, a hidroterapia, os medicamentos, dispositivos de contenção e, em alguns casos, a cirurgia. Com frequência, é importante combinar diversos tratamentos para um mesmo caso.

Os medicamentos prescritos podem ser analgésicos, anti-inflamatórios, corticóides, ou medicamentos biológicos, que actuam na evolução da doença.

 

Como se previne o reumatismo?

Na presença de doença reumática, é importante a protecção do aparelho locomotor, conservando a energia, protegendo as articulações afectadas, não as sobrecarregando, realizando exercícios que melhorem a mobilidade das articulações e, de um modo geral, mantendo-se activo(a).

Outros aspectos a considerar são a manutenção de uma alimentação equilibrada, o controlo do peso, a adopção de uma postura correcta, a escolha de sapatos e de um colchão adequados.

De acordo com as recomendações da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, a presença de dores, rigidez ou inchaço numa articulação, durante um período superior a quinze dias, implica a visita a um médico reumatologista. Desse modo, será possível um diagnóstico mais precoce, um tratamento mais eficaz e uma qualidade de vida menos comprometida.